Sou inferno e paraíso,
Sou ave voando ao léu,
Sou lágrima, sou sorriso,
Sou santa rasgando o véu.
 
Sou brisa, sou vendaval,
Sou barco sem rumo ou norte,
 Sou pirâmide de sal,
Sou  vida, outras  vezes morte.
 
Sou rio, sou mar, sou montanha,
Sou rochedo, onda e  espuma,
Sou forma de vida estranha,
Sou pedra, nuvem, sou bruma.
 
Sou prece, sou maldição,
Sou mendigo na calçada,
Sou corpo sem coração,
Sou frio da madrugada.
 
Entre lágrimas e apelos
Em  um  mundo cruel e  torto
Que me trata com desvelo
Sou cinzas de um fogo morto.

Nair Damasceno
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