Algumas saudades sinto
Que relembro com ternura,
Sem o sabor do absinto
São como belas molduras.
 
O primeiro namorado,
O despertar do desejo,
Um olhar apaixonado,
Aquele primeiro beijo.
 
Saudades da esperança
Que vivi a esperar,
Saudades de mim, criança,
Saudades de cirandar.
 
Saudades da abecedista,
Saudades da pescadora,
Saudades da ativista,
Saudades da sonhadora.
 
Saudades das caminhadas
Por estradas poeirentas,
Das pontes atravessadas,
Dos rios de águas barrentas.
 
Saudades de um violão
Plangentemente a tocar
No ritmo do coração
Ao som das ondas do mar.
 
Saudades da lua cheia
Surgindo ali no horizonte
Tão perto beijando a areia,
As dunas, o céu e a ponte.
 
Saudades do sol raiando
Como um grande desafio,
Saudades do sol se pondo
Do outro lado do rio.
 
Saudades, belas saudades
Que as tristezas decantam         
E em doce cumplicidade
Não choram, felizes cantam.                      
  
São tantas doces lembranças
(Pra que lembrar as doridas?),
Eu as trago como herança,
Pedaços da minha vida.
 

 
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Abecedista - torcedor do time de futebol de maior torcida no RN, ABC, chamado carinhosamente de "o mais querido":
Nair Damasceno
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