2 saudades do presente...

Tudo misturado.

Saudades daqui. De Paris. Das luzes refletidas no Sena.(e a música “on my own” de fundo na minha cabeça...) Do céu que muda de cor e muda a cor dos prédios. Prédios de todas as idades. O velho e o novo misturados, em uma harmonia admirável. Das nuvens amarelas, das noites roxas, da tarde laranja. Dos parques lindos. Das flores.

Do gateau de chocolate em St. Michel. Do fazer nada a beira do Sena.

Dessa língua sussurrada que aos poucos me conquista, me agrada. Do menininho brincando de luta com o pai e gritando ‘touché’.

Do sorvete Ben&Jerry´s, do cookies no snacktime perto do Odeon. De andar, andar, andar. Da Torre Eiffel que nunca chega. De caminhar sem rumo, sem preocupação, sem medo.

Das avenidas gigantes e confusas, dos becos e 'passages' pequenos que passam quase desapercebidos. Do arco do triunfo iluminado. De deitar e tomar vinho em champs de mars e a torre gigante piscando bem ali (e eu sem a máquina de novo!).

Dos cenários de romances do Vitor Hugo. De ruas que respiram histórias fantásticas, revoluções, rebeliões e revolta.

Dos dizeres “Liberté,Igalité, Fraternité”. Do cinema ao ar livre. Dos pique-niques. Do vinho rose. Das bandeiras do Brasil no meio daquilo tudo... Da torre iluminada de verde e amarelo.

Do esforço em fazer uma praia a brasileira nas margens do Sena(copacabana, ipanema e ... hum... maracanã ???). Dos franceses tentando sambar.

De me sentir um personagem de filme. De ver pessoas filmando novos filmes em cada esquina a cada ponte.

Saudades de uma vida que não é minha. De um lugar que não é meu, mas está dentro de mim.

Saudades de fazer teatro sem competição, sem laços, sem limites. Liberdade de errar. Arriscar ser você mesmo.

Saudades dos amigos que fiz aqui. De conversas profundas. De discutir política, filmes, costumes... de sentar de frente para a rua em uma brasserie e ver a vida passar a passos descontínuos e incertos como se o destino importasse menos que o prazer de caminhar.

Da música ao fundo. Nos metrôs, nas pontes... Dos lustres retangulares. Redondos. Amarelos. Brancos.

Saudades da pressa e da calma. Da rotina e do descompasso. Da correria e da bohemia. Da vida e do sonho. De um presente que esta pra acabar e de um passado vou retomar.

Saudades. Muitas saudades.

paris ( ultimo dia)