Voltei a escrever.

As solidões se vão e na noite cotidiana minha cabeça se destrói.
As preces que meus antepassados invocavam eram penas soltas no ar.
As multidões se enfileiram para transpassar a porta do futuro.
E eu já nem sei o que sou.

Vem as lembranças do caminhar noturno.
Passam idéias, lembranças vem e vão.
Meus olhos se contorcem e me dizem o que não quero saber:
Eu já nem sei quem sou.

Quero o meu deus caminhando sobre meus ombros.
Minhas pegadas me dizem quem sou?
Não lembro dos passos, não lembro dos dias que me dizem:
Eu já nem sei quem sou.

A canção do todo me responde.
Minhas preces são escutadas, elas são atendidas.
Invocaram, penas ao ar voltam ao meu quarto.
Já sei quem não sou.

jardel
© Todos os direitos reservados