Súbito delírio, ao qual me presto,
que profano e impudente, tem-me a alma
consumindo assim a paz e toda a calma,
Como chama que incendeia todo o resto.
Adormece ao contemplar extasiado
Revelando em seu discurso imodesto,
Dos segredos, o mais vil e desonesto,
E saboreia o prenúncio do pecado
É sagrado e pagão, num mesmo gesto,
Sobrepondo a pele dele sobre a tua
E a beleza imaculada, pausa nua,
ao pecar de modo assim, tão manifesto.
E esse ardor tão visceral que a tudo inflama
Que, apesar de arrebatado, seja terno,
Que não seja infinito, nem eterno
E “que não seja imortal, posto que é chama”.
(Com a devida vênia do eterno “Poetinha” – Vinicius de Moraes).
BRUNO
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