Eu me sinto um exilado no país da nostalgia...

 

 

Eu recordo comovido
do meu tempo de criança
Tenho tão boa lembrança
de tudo por mim vivido
É um trecho divertido
na minha biografia
Um tempo de alegria
para ser rememorado
Eu me sinto um exilado
no país da nostalgia

Eram tantas brincadeiras
que hoje não existem mais
Imitação de animais
e a dança das cadeiras
Descer correndo ladeiras
a gente sempre descia
Vídeo-game que vicia
não tinha sido inventado
Eu me sinto um exilado
no país da nostalgia

O futebol de botão
Minha irmã com a boneca
Cata-vento e peteca
Dama e bolha de sabão
Bola de gude e pião
Pandorgas na ventania
Não se vê mais hoje em dia
os brinquedos do passado
Eu me sinto um exilado
no país da nostalgia

Brincar de amarelinha
Fazer castelos de areia
Chutar a bola de meia
no quintal de uma vizinha
O caminhão de latinha
que puxando eu dirigia
não passava em rodovia
mas eu nunca fui multado
Eu me sinto um exilado
no país da nostalgia

O triciclo da irmã
Dominó e bilboquê
O io-iô o bambolê
Carrinho de rolimã
e acordar de manhã
sem fazer estripulia
pois quem desobedecia
logo era castigado
Eu me sinto um exilado
no país da nostalgia

Quanto mais o tempo passa
diminui a segurança
Não se vê mais a criança
brincando feliz na praça
A rua é uma ameaça
que a inocência abrevia
Quem pode se refugia
no condomínio fechado
Eu me sinto um exilado
no país da nostalgia

Não sei se pode existir
com a alma tão afim
um sentimento assim
que entristeça e faça rir
E quando se faz sentir
a memória propicia
descrever em poesia
para ser compartilhado
Eu me sinto um exilado
no país da nostalgia