João-de-barro ou forneiro
o singelo passarinho
constrói o seu lar de barro
e dentro coloca o ninho
junto com a companheira
pois não trabalha sozinho

Ele é reconhecido
como um grande arquiteto
Faz de barro a sua casa
do alicerce até o teto
Põe até um corredor
sem precisar de projeto

Na cidade é seu costume
construir sua morada
na travessa de um poste
de uma rua ou estrada
e até mesmo em peitoril
de janela é avistada

Sua casinha de barro
ornamenta o ambiente
pois ela tem o formato
dos fornos de antigamente
sendo um abrigo seguro
até da chuva torrente

Mesmo quando abandona
o que foi o seu hotel
deixa ele pras abelhas
sem cobrar o aluguel
e o lugar é transformado
numa indústria de mel

Quem ficar observando
vai ver na sua figura
no seu canto arrojado
na nobreza da postura
nas suas asas batendo
um galo em miniatura

Mas por ser um passarinho
faz jus ao diminutivo
Nas horas quentes e claras
ele fica mais ativo
soltando seu canto forte
estridente e festivo

Com a sua companheira
faz um dueto perfeito
Na combinação das vozes
harmonia é o efeito
Todos dias eu escuto
seu gorjeio desse jeito

Porque em minha cidade
eu os vejo em todo canto
trabalhando em parceria
voando e cantando tanto
que quando observo eles
com certeza me encanto

Os meninos com forquilhas
os respeitam na cidade
Essas aves o emblema
são da domesticidade
Um exemplo que é possível
viver em cumplicidade

Carlos Alê
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