Aquele que combate monstros...

Aquele que combate monstros...


“Aquele que combate monstros deve tomar cuidado para que ele mesmo não se transforme em um”
(Nietzsche)
 
Hábito salutar é o de se fazer uma constante autocrítica.
Assim é que eu chego a conclusão de que, paulatinamente, vou me tornando naquilo que mais odeio.  De tanto combater o radicalismo, pasmo ao constatar que eu mesmo estou me transformando em um rotundo e obtuso radical. Essa mesma cruzada contra a falta de lucidez, vai me tornando cada dia menos lúcido.
Senão, quem me elegeu um Dom Quixote contemporâneo?
Nessa onírica empreitada contra “dragões-moinhos” imaginários, vou atacando cata-ventos inocentes que giram ao sabor das ideologias alheias.  Identifico, agrido, massacro e reduzo a pó.
Isso me leva a perguntar: quem seria o verdadeiro monstro afinal?
Acaso seria eu o único e exclusivo dono da verdade?
E por que é que eu não consigo ficar com a minha boca fechada?
Que necessidade imperiosa é essa de levar a justiça ao mundo?
 
Perguntas cuja resposta não encontro nos longos e doloroso momentos de reflexão.
Talvez já tenha passado da hora de pendurar a capa e a espada e procurar um bom analista...
 

 

BRUNO
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