Chuva miúda lá fora, saudade que o tempo aflora
Um verso chora a poesia que ao dia não aquece
A manhã que a cor, acorda o tédio desta hora
Por sombras espessas, céu que não se oferece
 
Brilho em penumbra, interposição que evapora
O encontro dos olhos que se cerram em prece
Ao vago do instante, solidão que se implora
Procura do sentido, do vazio que não tece
 
Cotidiano sem uso, perpetua-me em resto
Meu rosto em desgosto, carência do costume
Adorno de essências que exalavam o perfume  
 
Desafinado no riso, pois o meu canto é protesto
Abafado no agora, do sol ausente do teu lume
Quando chove em mim a tua lembrança em cume 

 

 

Murilo Celani Servo
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