Neste oceano, o cheiro de maresia, a brisa do mar azul
Invade minh'alma, a faz explodir como um gêiser solitário...
Observando, à deriva, à noite, a beleza do Cruzeiro do Sul,
Estou afogado e só em meio às águas, belo calvário.
Neste deserto, o simum a esbrasear a pele, o ouro da areia
Invade minh'alma, a faz queimar como que perdida no siroco...
Saara pleno em mim, solidão colossal que tece sua teia
Por milhas e milhas e dá a mim algo que não exige troco...
Para perder sentimentos, perder o amor, nada como o mar e deserto.
Tão símiles, tão iguais, tão distantes, tão ao mundo dispersos
Que os sinto por vezes tão longe (e é mentira) e outras, tão perto...
Não sinto mais nada após a safira do mar e o deserto de ouro.
Falta amor nest'alma e me sinto tão seco mesmo em meus versos
Que sei que algo foi perdido e solitário, não predigo qual será meu agouro...
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