TE BATO PORQUE TE AMO!

Te bato porque te amo.
Um amor incompreendido;
Ignorante, é certo,
Mas porque sempre precavido.

Te bato para que me escutes
(Não consigo expressão distinta),
E a força da minha pancada,
Te machuques para que não a vida.

Te bato porque te amo
E porque você revida;
Desdenha do meu carinho,
Ralha de forma atrevida.

Te bato porque preciso
Aplacar a preocupação,
E afagar o protetorado
Que te enclausuras nessa prisão.

Te bato porque a ti não me assemelho,
Me falta a imensidão azul.
E apanhas porque ao meu querer é ausente um arquejo,
Valsa bailada ao som cortante do bambu.

Te bato porque sou besta,
Porque me falta o vernáculo,
Porque desprovido de tato,
Mas, sobretudo, porque te amo.

Eu me propus, quando comecei a escrever no site, a nunca explicar minhas poesias, deixando o leitor completamente liberto, interpretando-as como quiser (ou sentir). Mas para esta abrirei uma exceção, especialmente tendo em vista a agressividade do título. Evidentemente que o “bater” não significa agressão física, mas sim uma faceta da tensão de extremo amor e preocupação que norteia o meu relacionamento com meu irmão, e como esse tempero age frente a duas pessoas que tem personalidades incrivelmente fortes e distintas. Boa leitura.

São Pauo, 08/12/2005.