Seu coração bandido
Foi minha doce ilusão
Que me deixou rendido
Nessas noites de verão
No frio da madrugada
Sinto o amargo na boca
A espera da alvorada
Dessa paixão tão louca
Fito meus olhos no tempo
Num silencio a navegar
Como meu passatempo
Nossos momentos lembrar
Seu sorriso sereno
Sua pele branquejada
É o teu maior veneno
É a dor da morte a espada
A saudade é um vício
É a lagrima chateada
Do animal em pleno cio
Dessa lida enjaulada
Teu meigo olhar castanho
Seu perfume de alecrim
Quero viver esse sonho
E ter você para mim
Nesse amor um temporal
Me devastou a solidão
Foi o granizo vendaval
Que arrasou meu coração
Tenho dores e febres mil
Que o peito faz dilatar
Morrerei antes desse abril
Sem teu peito pra me amar
Na ânsia da morte lenta
Em tua mão vou segurar
No adeus a toda tormenta
O teu nome balbuciar
Com dores vou sucumbir
Não vou mais em vão lutar
De feridas então partir
E o coração silenciar
Quero hinos de louvor
Para a Deus glorificar
E nas faces o rubor
Quando meu nome citar
Uma flor na pálida mão
Um beijo na fria testa
Muitas flores pelo chão
E a noite muita festa
Sei que vai me esquecer
Me causando amargura
Pela vida se meter
Com outra criatura
Em sua vida cigana
Fui um homem rendido
Na doçura que engana
Do coração bandido
(Eber Fonseca)
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