NEM AMOR, NEM CORAÇÃO

Nós   os  do  agora  as   cinzas

sensíveis  em  lesões

cegos de inconsciente antolhos

Nós  da  secreta  e  pesada   cruz

que  de  mãos atadas

não   nos  revelaremos  em   alívio

Abatidos  que estamos

do  que   nos  escasseia  

nesse   opoente   mundo

 

Nós  desavisados,   premidos  em  passos;

todos  sonâmbulos,  claudicantes  e  vagos 

Nós  recordados  por    possível  lado  claro  

já    confuso  e  escurecido  a  identificar, 

no  drástico  chão  pisado 

Nós  que  entre  nós  despertamos   breves

em  derradeiros   suspiros   até

o  infindável   sono  

 

Nós  os  da  lenda  e  queda 

nós  do  desprezo  de  nós  mesmos

nesse  vivo  mas   fino  fluxo  de  estreitamento

Nós  entre  a  eternidade  e  a  compaixão

dispersos,  anversos 

revelados    ao  obscuro   

pro  destino  desse   injusto  laço

que   aperta   e  comprime

no  que  ainda  somos,

pra  isso que  seremos

 

frios

         estáticos

                          imutáveis

versejando ( ao estilo de Pessoa )
© Todos os direitos reservados