Resgato a vida que me sorria, precedente a frustração
Do desejo realizado que a minha alma só fez chorar
Na tentativa de ludibriar o destino, estornando a razão
Desqualificando a essência do meu sentimento de amar
 
Melodia do silêncio, refrões de saudade e solidão
Abriam fendas nesse chão, falseando os passos e o ar
Cegando-me os olhos pela beleza das cores em colisão
Do mar que diante de mim, absorvia a tristeza do olhar
 
Refugiava-me dentro de mim, perdia-me em tempo desatino
 Ausente de forças e afetos , exalando pelos poros, a dor
Espalhando em cada rastro, despojos de um sofredor
 
Salvo desta pena capital, entrego-me as mãos do destino
Passo a ver o sol, vejo você, e do amor, sinto o calor
A mercê da luz da vida, entrego-me aos braços da flor

 

Murilo Celani Servo
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