Insípida manhã órfã, da luz do sol e fria
Nuvens sombrias despejam a solidão
Na preguiça do dia, vontade de poesia
Incorpora o poeta, a chuva é canção

Pássaros ocultados, natureza em apatia
Flores encolhidas pela tristeza em ebulição
Pornografia do tempo, o frio que atrofia
As cores da vida dos versos da rejeição

Duelos de corações, poemas amenizam a distância
Olhos não se enxergam, lábios cerrados e secos
Reféns do instante, mergulhado na intolerância

Que medeia nós dois. E nem o vento, a fragrância
É capaz de ser o arauto. Já é noite então adormeço
No virtual do teu silêncio, em tela vazia da vigilância

 

Murilo Celani Servo
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