Aos poucos, impotente e imóvel
Perece lentamente a grande árvore
Que me dá fronde
 
Dor que se sepultará no outono
Das horas, em ligeiro sono
 
Um ponteiro marcará o tempo
O outro as marcas do vento no vale das dúvidas
Que fazem secretas fendas na alma
 
Das folhas caídas sobrarão restos férteis
Que se transformarão em vida nova
 
Girassóis que girarão seus olhos
Por minha órbita
 
Giros em torno
Do sempre mesmo igual viver
Da dor que existe e não sinto
Da paz que não existe e minto
 
Livre a alma de todo o peso
Do passado obeso
Em pele e osso
Se aninhará em outro corpo
E irá...