VIANDANTE CANSADO

Nazaré, 10-06-1974
 
Um viandante solitário
Na estrada de ouro
Da floresta de esmeralda,
Entre o espaço e o tempo,
Sentindo a brisa silvestre
Pensa na vida urbana.
Mas, que diferença faz,
Se ele está no mesmo lugar
Mesmo estando em lugar diferente,
Mesmo num lindo lugar?
 
Ele está entre a atmosfera
E a terra cor de ouro.
Que diferença faz
Se ele está no mesmo lugar,
Mesmo estando em outro lugar?
 
Ele continua a pensar:
Que diferença faz
Estar em um lugar tão lindo
Se ele não é humano?
 
Que diferença faz
Não está fazendo guerra
Se ele está na guerra?
Se é da guerra que vive o homem,
E ao mesmo tempo
O homem transforma o homem
Numa máquina anti-humana?
 
Novamente pensa: que fazer? Que praticar?
A melhor coisa a fazer
É sentir pena dos “escudos”.
                                                                                                                                
Ele pensa agora:
Devemos plantar?
Depois chega à razão:
Se a terra é infértil?
Se foi o homem que a tornou estéril?
E se plantasse, quem colheria?
Seus filhos?
Logo encontra a resposta:
Não! Seus anti-filhos!
Se ao menos, naquele momento,
O tempo e o espaço
Sofresse uma parada respiratória,
Ou uma aceleração de adrenalina?
O mundo, talvez
Passasse por sobre o acontecimento
Ou não chegasse até ele.
 
O que seria dos jornais oficiais?
Não faria mais a historia
Ou então inventavam
A anti-arte-futura,
E pregavam na consciência da massa,
A futura anti-arte.
E paravam a aceleração da cultura,
Provocava um colapso cerebral
E ninguém mais pensava.
 
Que diferença faz
Estar em um lugar não maravilhoso,
Retroceder no espaço e no tempo
E tudo voltar ao normal?
O que será dos homens?
O que será dos deuses?
O que é o normal?

GILBERTO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
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