O baladeiro e a santinha

 
Antes de te conhecer, eu era um tremendo garanhão,
Quando chegava nas baladas, fazia mó arrastão.
Conhecia as garotas dessa cidade de ponta á ponta,
Catava tantas minas, que até perdia a conta.
 
Mas quando te conheci, me apaixonei.
Mas não era qualquer “apaixonite” de balada não!
Pois você foi a única que fez disparar meu coração.
Quando eu vi teus lindos olhos azuis, na hora, eu gamei.
 
Você não era uma piriguete, que vinha pras baladas usando uma sainha curtinha.
Você quase não saía de casa, usava roupas comportadas, e tinha fama de “santinha”.
Você era inocente, quase não tinha amigas, não bebia, e não gostava de fumar.
Só saia de casa pra ir à capelinha rezar.
 
Já eu era um “moleque piranha”, que vivia na noite, e gostava de zuar.
Quando não estava nas baladas, eu tava em algum bar.
Catei várias minas, mas não me apaixonei por nenhuma delas.
Porque eu fui me apaixonar por uma mina que trocava as baladas pelas capelas?
 
Não sei se foi coisa do destino, ou o homem lá de cima que planejou,
Juntar numa balada dois opostos tão diferenciados.
Quem imaginaria um baladeiro, e uma santinha andando por aí, como namorados?
É como dizem: o homem não separa a união que o destino traçou.
 
Aquela balada, que para mim, era só mais uma,
Pra você foi algo inédito, pois você não tinha ido á nenhuma.
Você tinha acabado de completar 18, e umas amigas suas te convidaram pra balada
Pra sair, curtir a vida, beber, e dar uma paquerada.
 
Mas você naquela balada se sentia como um estranho no ninho,
Não bebeu, não dançou, e ficou parada num cantinho.
Eu tava com a goela seca, e fui ao open bar tomar uma cervejinha,
E te vi ali, tomando um copo de água bem geladinha.
 
Eu não falei nada, e só fiquei olhando aqueles olhos verdes.
E fiquei pensando comigo mesmo numa coisa que até me deu sede:
E eu só pensava em tirar seu cabaço,
Como se eu tivesse pegando um presente
E ter tirado o laço.
 
Mas como vi que você era tímida, resolvi não puxar conversa.
Mais tarde, quando a balada tava acabando, e eu ia terminar a noite sozinho
Resolvi voltar ao open bar, e te encontrei no mesmo cantinho.
Aí, começamos a bater um papo, para ver no que ela interessa.
 
Ela, meio tímida, falava baixinho,
Mas eu lhe dava umas doses de batida, para ela se soltar aos poucos
Ela começava a dar risadas, e falar as coisas, de golinho a golinho.
No fim da noite, já estávamos bêbados, e loucos.
 
Na nossa conversa, descobri várias coisas:
Ela é virgem, e nunca sequer beijou ninguém,
Ela procura um cara que seja bacana e que a trate super bem.
Ela nunca bebeu álcool na vida, mas gostou da experiência.
E odiava vestir aquelas roupas de velha, e queria deixar seu corpo em maior evidência.
 
Na hora de ir embora, eu á levei pra casa, mas com uma condição:
Que ela me namorasse, e que me apresentasse pro sogrão.
Ela aceitou, e me beijou na frente do seu portão,
E desde aquela noite estamos juntos, unidos como um só coração.
 
Decidi deixar a vida noturna, e preocupar só com uma mulher.
Logo mais vamos nos casar,
E uma nova vida começar,
Que troca as noitadas, as bebedeiras e as piriguetes
Por viver em casa sossegado, cuidar da minha mulher e só amar.

Primão
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