Entre duas pulsações existe morte
(A morte curta e inexata),
Que por ser às vezes forte
Sobrepuja a simples sorte
E não pulsa mais sangue, mais nada.

E quando o peito se reprime,
E suprime a alma aflita,
Minha fala se comprime:
O poeta que hoje exprime
Perde a beleza e a vida.

Mas enquanto ainda vivo
Eu me livro! (E argumento).
Vejo em tudo um mal nocivo:
No parar, no movimento,
No silente e no ativo,
No eterno e no momento...

E sem ter como esconder
O meu peito deste intento,
Não mais morro, nem mais vivo,
Só me entrego ao meu lamento...