Quem passeia não observa...
Ao seu lado quem pranteia
Egoistas, a vida os leva
Arrogantes de alma cheia.

Gritos, gritos que ecoam
Querendo ao céu alçar
Como sinos, altos, soam...
Clamores dizendo: vem salvar...

As lembranças tomam conta
De todo o coração
A tristeza numa ponta
Do outro lado a solidão...

Rola a lágriam pelo rosto
Pois ninguém o pode ouvir
Vou morrendo de desgosto
Nos veremos nos porvir...

Aqui dentro deste poço
Fui lançado ainda moço
E sem água prá beber
Na escuridão de um alvoroço
Quem teve tamanho mal gosto
Só queria entender...

Oh! DEUS porque tanta desgraça
Se amei com sinceridade
Não permita que eu me desfaça
Deixe em mim a sua graça
Te rogo por piedade...
Não quero o vestido da farsa.

Lá no fundo o fél provei
Só tú tens a compaixão
Desprezado por quem amei
Só restou sofreguidão...

Um dia quem sabe, até...
Este poço possa jorrar
Tudo, tudo que eu chorei
Eu não quero lamentar
Isso eu falo pela fé
E não quero duvidar...

Lavarei com todo amor
Seus rostos cansados da dor
Do viver que os fascina
Pois a volta vem de fato
Isto é um marco da sina
O jogo da vida é um trato...

Quando o poço é profundo
Machuca com o tombo da alma
Não é fácil manter a calma
O claustro dá medo, arrepia
Disse à mim e à todo mundo
Nesta lenta agonia...
Conheci a melancolia

Murmúrios, sussurros, lamentos...
Os segundos, as horas, demoram passar;
São dias de tantos tormentos
Já não consigo pensar...

Assim, a vingança é notória
Nesta triste trajetória...
A minha dor é ardente
Esperarei a vitória
Pois sou criança inocente.

Numa sociedade comercial mal sucedida.

São Paulo

GIZELDO BAPTISTA DE ALMEIDA
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