Por que nunca deixo de ouvir o teu canto ressoando em mim feito um manto de voz soprana em tocante ária de Puccini?
Quando o dia nasce, cresce e envelhece sem teus olhos, ele perde a pureza e a beleza, tornando-se um hiato na natureza.
 
Eu te quero amiúde, mais que ar, mais que toda a extensão do mar. Quero-te em palavras para te falar; em corpo para te amar; em pensamentos para te pensar e no espaço para voar. Não virás comigo? Não me deixarás adejar contigo e levar-te em meu abraço para me tornar teu abrigo?     
 
Saibas, contudo, que não te quero só para colher e te ter, como as flores que são possuídas e logo esmaecidas. Eu te quero para dar, para partilhar, para te ver e te amar sem nada temer.
 
Ah, como te quero, filha da terra e dos céus! Como anseio erguer os teus véus e expor tua alma ao sentimento que acalma e dá à essência a cadência de um perfeito momento. E brotar contigo qual semente germinada, de raiz na terra fincada e destinada a florescer como estrelas no anoitecer, que dão vida ao céu até o dia nascer.
 
Em furor te desejo, com doçura te cortejo, em poesias te versejo. 
E quando então te recebo para comigo ficar,
para em mim teu perfume espalhar,
chego ao mar.
E me deixo levar.
Me deixo em ti misturar.
E em ti abro as asas para, no alto,
bem longe do asfalto,
voar e voar.
 

HC
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