Era só mais uma menina

 
Era só mais uma menina,
Um sorriso de criança, um olhar puro de espelhar
e de mostrar tudo de bom que ainda posso ser
Me fez sorrir sem querer, inevitavelmente querer.
 
Só mais uma menina e de repente mundo, o meu mundo
Rio sereno desaguando em minhas correntes violentas,
Tornou-se mar,
afogou-me em suas ondas perfeitas,
Maré cheia de tudo que há de bom.
 
E o que posso fazer além de me deixar levar?
 
Só mais uma menina,
Reescrevendo toda uma história
Que por medo, nunca quis,
Fazendo-me incondicional escravo desse final feliz;
Um prisioneiro entregando-se todos os dias a mesma cela,
a mesma prisão;
Condenado perpetuamente pelo coração.
 
E era só mais uma menina,
Agora duas delas são;
E a história já se refez,
E o que tenho é sorriso de criança outra vez,
Imitando todo seu inicio, um replay
E mais um olhar trazendo tudo o que ainda posso ser;
 
Só mais uma menina,
E tornou-se mulher, minha mulher
Tornaram-se duas, Vivi e Maria
Tornaram-se vãs as palavras,
E o tão sonhado final feliz, quem diria?!
Uma menina mostrou-me que existe.
 
Autor: André Xavier
 
 
Poesia escrita no trem em homenagem a minha esposa Viliane Gaudard e a minha filha Maria Clara,
Morrerei escrevendo para elas e minhas milhões de palavras sempre serão vãs, morrerei na minha incansável, agoniante e inútil vontade de tentar
demonstrar tudo o que são em minha vida, por isso morrerei sim, vivendo por elas!