Liberdade de Si


 
 
Frutos, por que não nascem os frutos?
Insistem em surgir flores, belas flores,
Mas onde está a polpa dos frutos?
Deserto avança sobre o oásis,
Ou o oásis expande sobre o deserto?
Criação e criaturas, de onde vêm?
Não sabendo a gênese, ainda assim,
Haveremos de construir o último instante?
Nenhuma exclamação, somente interrogações,
Dos tantos ‘por ques’,
Que só tiveram silêncio como resposta,
Ainda assim, melhor o silêncio,
Do que a tolice que sobre tudo avança.
Sol que não esquenta, que ilude com a luz,
Qual lume que se perde nas trevas de cada um?
Calados, que todos se calem, voz alguma,
Nem espada, nem cajado, apenas passos,
Numa estrada sem fim, em trilhas perdidas,
Olhos perdidos para o infinito dos muitos céus.
E um insistente coração pulsando para não morrer.
E todo tempo parece antes perturbar que consolar,
A eternidade incomoda, a efemeridade é insuficiente,
São tantas as reflexões já perdidas, já idas,
E já existe tanto passado, que o futuro se escasseia,
Então, resta um sorrir meio melancólico,
Um brotar de ironia, que gargalhou em sarcasmo,
Para depois clamar pela estranha felicidade,
E ela musa fugidia, entreolhou para o olhar da alma,
E esta recolheu-se, não quis ser por um momento,
Beijou com afeto a vontade, mas só quis ser livre.