Jogados nas vias, nos viadutos
são habitantes das ruas
ao sabor do sol, da chuva, do vento
caminham sós ou aos bandos

Pedem, roubam, "brincam"
em lenta e sofredora agonia
caminham, caminham, cansam...
ao fim de mais um dia

Deitam, sem teto, sem cobertor
sem carinho...
encontram o frio, a morte
a ventania

Dormem irrequietos, cansados
"sonham" um sonho distante, irreal
têm um sono sobressaltado
acordam com fome e sem pão

Povoam as casas, as mesas fartas
(em pensamento)
levantam, caminham, nova agonia
até quando ?...

"Meninos de rua" é um protesto no rosto da sociedade, que a tudo assiste, que tudo pode, que pouco faz...

Salvador-BA, 1994