Crônica – Justiça Virtual

Dia desses, eu estava lembrando da minha infância, quando lembrei que na minha tenra idade gostava de um menino, e acho que ele também gostava de mim. Pois bem, nos conhecemos no primário, era assim que antigamente chamávamos as séries iniciais. Eu tinha acho que uns 9 ou 10 anos e o que me atraia nele era que tinha dentes como vampirinho, eu achava lindo. E foi assim por uns dois anos, fui apaixonada por ele apesar de nem saber o significado de paixão. Quando fui fazer o ginásio, assim que iniciou as aulas, sempre andávamos juntos, nas aulas vagas e no recreio, coisa de criança. Mas aconteceu o que ninguém esperava. A família dele teve que se mudar. E o meu amor de criança foi embora. Nunca mais ouvi falar, mas nunca esqueci o nome dele. Era um nome “meio que” incomum talvez tenha sido isso. Pois bem, depois de uns 30 anos, com esse mundo virtual onde coloca lá no google o nome de “pedro pedreira” e você encontra quem você quiser. Lá estava o meu *Pedro Pedreira, com o nome tão incomum quanto eu lembrava. E onde fui achá-lo? Bem na coluna do Tribunal de Justiça. Fiquei decepcionada. Seria um bandido? Um assassino? Um ladrão? Então comecei a ler: Data: 11/02/2011 Publicação: Tribunal de Justiça - São Paulo - Caderno 3 - 1ª Instância - Capital (Brasil) Processo 00012345000 -12.345000.2010. (000.00.0 12345000-0 ) - Despejo por falta de pagamento cumulado com cobrança - Locação de Imóvel – Pedro Pedreira e outro – Parei por ai, afinal quem quer saber que sua antiga paixão de criança não cumpre com seus deveres? Aluga e não paga? Humm... ele era um Devedor e com essa nova era tecnológica a Justiça Virtual não perdoa.
 
* O nome foi alterado para assegurar a privacidade.

Lucélia Lima
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