Noel? Que Noel que nada

Noel? Que Noel que nada

Nasceu numa família de muitos

Crianças inocentes, paridas

De uma mãe vadia

Dava suas crianças, suas crias

Criou uma ou duas

As outras deu aqui e ali, pra quem queria

Dentre elas a mais bela das meninas

Criança de pele branquinha

Cabelos de anjo, dada a outra vadia

Foi viver numa casa com mais quatro garotinhas

Filha legítima daquela que te criaria

Cresceu, não teve infância

Era criada como uma empregadinha

Não tinha roupa nova, só usava o resto da outras meninas

Um abraço, um beijo, nada ela tinha

Essa criança cresceu sem alegria

Mas com esperança de ver sua mãe um dia

Aquela que te dera como um cachorro, quando tem suas crias

Colocava em dezembro na janela do quarto, um saquinho com sua cartinha

Esperando que o tal papai Noel, lesse e lhe trouxesse alegria

Passou anos na mesma rotina

Ate que por sí só descobriu que esse tal de Noel não existia

Pelo menos pra ela, uma criança largada à sorte,

Por aquela que te teve um dia

Chorou, durante anos

Mas hoje é uma heroína

Casou, teve onze filhos

Passou anos perguntado o por quê

Por que teve aquela vida vazia?

Hoje vive feliz e aos poucos vai reencontrando os irmãos

São muitos espalhados por essa vida.

Sua mãe?

Hoje uma lembrança, uma cicatriz aberta, uma ferida.

Noel!

Que Noel que nada,

Esse?

Nunca trouxe o que ela queria.

Cássia Freitas
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