Pela bruma do vento, um ar dionisíaco
Presente na percepção, que me traz à visão
Infinitas sombras, no estampe de um céu opaco
Sombrio em sua face, ejaculando o seu trovão
 
Pela terra que faz trêmula, tornando o sol fraco
Calando a canção, quando não se conhece a razão
Do caos que se derrama, por fogo em todo o mato
Quando ausente é Apolo, que não estende a sua mão
 
A face deste mundo, quando o escuro é a treva
O inferno da comédia, que aos olhos de Dante
Embasam no caminho, sem a luz que faz brilhante
 
O futuro do destino, de toda alma que se vela
No fim de sua hora, que faz a reza delirante
Quando a sombra da caverna se liberta no instante

Murilo Celani Servo
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