Que fiz eu para merecer
A ti, noturna visitante?
Que faz meu corpo estremecer
Com tua dor, eterna e constante

Pois há uma faísca em teu olhar
Quando miras-me andar cambaleante
Que se estou cansado, se não agüento gritar
Desenha-se um sorriso em teu semblante

Será esse o mal do século,
A doença da alma inconstante?
Esse desejo estranho, chulo,
Essa vontade de sofrer pedante?

És conhecida dos grandes poetas,
Suicidas, mal amados e navegantes
És feita de emoções incompletas
Foste, de Byron, musa errante

Sob a luz do luar
Sedutora, és tu, desconcertante
Meu espírito a aprisionar
Com teu charme prestante

Que, em meu peito, encerra a certeza
De possuir, da palavra, o dom intrigante
Que em meus lábios pinta a beleza
Para poder cantar meu ser fascinante

Tu és melancolia tosca
Tua extrema força, alarmante
Fazendo a luz no fim do túnel fosca
Fazendo a vida irrelevante


Mylena Perez

Mylena Perez
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