REQUIEM PARA UMA AMANTE

   (duas amigas conversam no funeral da amante de Carlos)
 
 
- Como era Bela a sua amante!    
- Não!   
- Não? 
- A mulher é mais bela. Uma Visão!
- Então, não percebo tamanha desunião!
 
- Mas era bem feita a sua amante!
 - Era? Olho para a sua mulher 
e vejo que bem feita é. Escultural!
Perfeita! Um modelo. Uma flor de primavera!
Divinal!
 
- Estranho! Uma mulher 
bela e bem feita, escultural
é trocada por outra qualquer!
Por esta, A outra, mulher banal
que era menos mulher!

- Ainda por cima, sem dote!
Vulgar mulher de rua!
Não entendo tamanha sorte
Tão grande amor na hora da morte,
ignorando a mulher, que é  sua!
 
- Sabes amiga? 
Os homens são um mistério!
Têm cenas estranhas! Coisas sem critério.
Vão na cantiga!
Preferem Outras, A nós, Mulheres a Sério!
Vê este caso! O Carlos era o engatatão 
da faculdade.
 Comia aqui, comia ali. Era um gozão. 
Uma beldade, que nos deixava loucas. 
Casou com a Felicidade.


E sempre ouvi dizer, que era infeliz!
Não percebo. 
A Dade parecia perfeita. Parecia uma actriz!
- E era. E também, senhora do seu nariz
 e o Carlos trocou-a pela meretriz.

Sabes amiga? Disse-me a Dade,
que uma vez foi ter com ela.
Com ela... A Outra, mulher de rua. 
Sim? E então? Que disse ela?
Quer saber a verdade, nua e crua?  
 
Perguntou ela, a segunda... 
que na cama era  primeira.
Sim. Quero perceber tamanha asneira!
Respondeu-lhe a Dade
Que era a segunda... na rua, a primeira.
 
Saiba minha senhora.
É bonita, elegante e colunável.
Mas na cama, na hora do Amor, 
não retira essa mascara deplorável 
de actriz. Não passa de natureza morta!
Seja como for, a verdade nua e crua
é que a senhora vive na ilusão.
E eu, que sou FOGO na cama,
do seu Carlos sou dona, 
porque dele, é o meu coração.
 
Vá para casa e dispa-se de preconceito.
Deite-se na cama e ponha-se a jeito
e deixe-se da postura de senhora bem.
Sabe? Na cama, isso é mera ilusão,
arrefece o amor e dificulta união
e sem isso, minha amiga,
jamais haverá Paixão.
Será sempre a segunda...
Serei Eu, ou Outra... a primeira,
Porque sem FOGO, sem paixao,
Os Carlos, outras damas amarão!
 

angelino
santos silva
18/06/2010
 

santos silva
© Todos os direitos reservados