O homem sem amor
Desconhece a própria dor,
Perde-se em querências,
E nada vê.
 
É terra
É mato,
É pasto,
É antepasto.
 
Tem as aspirações erráticas dos peregrinos,
As sedes dos beduínos.
Nada encontra
Nem a si mesmo.
 
A noite, desertos;
os dias apenas sensações.
 
O homem sem amor
É grama pisada enquanto desponta,
Faca sem corte que dilacera a alma,
Ventre que nada brota,
Cortina que não se abre,
Chama que não aquece,
Fogueira que não acende,
Nota que não se nota.
 
O homem sem amor
É página sem palavra,
Cordilheira sem água,
Chuva que não deságua.
Sonha ser dilúvio,
E é nada.
 
 

 

 


 

Este poema me veio há muito tempo, numa época em que eu ainda refletia sobre a necessidade de sentir-me vivo e a ausência do amor importurnava-me.
Elias neri
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