Dama do Lago ( Coletânea de poesias do Autor da série Avalon)

Dama do Lago ( Coletânea de poesias do Autor da série Avalon)

Transmutavam-se em águas serenas eternas brumas
Ondulando em ondas sutis todo pensamento e encanto
Por eras, natureza aguardava sincera união entre Sol e Lua,
Mesmo se Vênus benção refletia Bela Senhora nua.
De quantas quimeras, guerreiros sem temor ou vergonha,
Fariam de sua nobre alma, refém e injúria...
Veio então garboso Cavaleiro, cortês e compassivo
Saudar a Dama do Lago*, que ainda espelho d'água abrigava
Toda beleza e lealdade, que Lancelot não poderia negar:
- "Minha Senhora, escutai minha mensagem,
Não a tome levianamente,
ComoTristão e Isolda conjuro-vos,
Minha vida em tuas mãos deixar,
Pois ao teu encontro meu ardor procura,
Ensinamentos, paixão, beijo em garbosa fronte
Pobre infante, fazer de vós sua legitima eleição"...
Saiu então das águas coração e corpo,
Saber, inteligência, força e poder,
Dando-lhe dos seios alimento
Reflexos de seu próprio querer,
Pois o que é o amor, senão espelho,
Fonte da procura de nós mesmos,
De tudo que queremos ser...

*   A Dama do Lago -

(''Lady of the Lake'', em inglês) é uma personagem (ou, talvez, mais de uma) da lenda arturiana que cria Lancelote após a morte de seu pai, dá ao rei Artur sua espada [[Excalibur]], enfeitiça Merlin e leva o rei moribundo a [[Avalon]] depois da Batalha de Camlann.
 
Diferentes versões dão-lhe diferentes nomes. Seu caráter, sobrenatural ou humano, também varia. Em algumas obras, aparece como uma mortal que aprendeu de Merlin os segredos da magia. Em outras, é uma entidade sobrenatural. Na maioria das vezes, é representada como benevolente, mas às vezes também como agente do mal ou como um ser humano com virtudes e defeitos comuns, como a paciência e o rancor.

== Origem ==

As variantes dos nomes dados à Dama do Lago agrupam-se em torno de duas raízes: '''Nimue''' e '''Viviana'''.

O nome '''Nimue''' e suas variantes ('''Niniana''', '''Ninie''', '''Nineve''') pode estar relacionado ao nome céltico Niamh, ao rio Ninian da Bretanha continental, à [[musas|musa]] grega Mneme, ou a Mnemósine, sua mãe e deusa da memória. A ''Suite du Merlin'' sugere ainda uma conexão com a deusa galesa '''Rhiannon'''.

O nome '''Viviana''' (com as variantes '''Viviane''' e '''Vivien''') pode derivar de '''Coventina''', uma deusa celta das águas, através de formas intermediárias como Co-Vianna e Vi-Vianna. O nome pode também estar relacionado a '''Gwendoloena''', a companheira de Merlin, cujo nome é pronunciado em latim de forma semelhante a Coventina. Também se viu nesse nome uma adaptação francesa do nome da lendária heroína irlandesa '''Béfinn''' o '''Bé-Binn''', "mulher branca". O branco foi freqüentemente associado às companheiras de Merlin. Também especulou-se que o nome "Viviana" poderia derivar de '''[[Diana]]''', a deusa latina dos bosques. 

Na mitologia celta, as divindades da água eram muito populares e respeitadas, pois seu elemento era a essência da própria vida. Suas vontades se manifestavam no movimento espontâneo e às vezes imprevisto dos mananciais, rios e lagos. Era muito comum que recebessem oferendas, geralmente de armas e objeto de valor.

A deusa Coventina, com quem a Dama do Lago tem muitas semelhanças, era venerada na Grã-Bretanha romana, na Gália e no noroeste da península Ibérica. Os romanos a consideraram uma [[ninfa]] e lhe construíram um ninfeu ou adoratório em Carrawburgh, perto da muralha de Adriano, que consiste em um templo quadrangular com uma piscina central na qual foram encontradas oferendas antigas, como moedas, jóias e pequenas figuras de bronze.

== Idade Média ==

A primeira menção conhecida de Avalon, a ilha mágica à qual a Dama do Lago e Morgana estão associadas, está na ''Historia Regum Britanniae'' (século XII) de Geoffrey de Monmouth, diz que Caliburn (Excalibur) foi forjada ali e que Artur foi levado para lá para que lhe curassem as feridas.

Em seu romance ''Lancelote, o Cavaleiro da Carreta'' (também do século XII), Chrétien de Troyes diz que o cavaleiro foi criado por uma fada d'água que lhe deu um anel que o protegia da magia.

Segundo obras posteriores, depois da morte de de Ban de Benwick nas mãos do rei Claudas, a Dama do Lago raptou o pequeno Lancelote e o levou para viver com ela em seu palácio sob as águas. Ali se encontravam Boores e Lionel, primos de Lancelote. A Dama criou os três meninos como se fossem seus filhos. Lancelote cresceu sem conhecer sua verdadeira identidade, que sua mãe adotiva só lhe revelou quando fez 18 anos.

Nesse momento, a Dama do Lago levou Lancelote a Camelot para ser armado cavaleiro e é ela quem, contrariando a tradição, impõe as armas a seu filho em frente ao rei Artur. Ela acompanhou as aventuras de Lancelote e contribuiu com sua magia para o êxito de várias delas. Na obra de Troyes, entrega-lhe um anel mágico que o protege de qualquer encantamento.

No ciclo Lancelote-Graal, também conhecido como Ciclo da Vulgata (século XIII), a Dama é explicitamente descrita como uma fada (''fay'') e  se menciona pela primeira vez o caso de amor entre ela e o mago Merlin e se lhe dá pela primeira vez um nome. Ela é responsável pelo desaparecimento do mago ao encerrá-lo por toda a eternidade em uma gruta, aproveitando-se de sua influência sobre o mago enamorado.

Segundo o ''Merlin'' da Vulgata, o pai da Dama do Lago, Viviana, é Dyonas ou Dionás, cavaleiro da corte do Duque de Borgonha, seu sogro. Dionás tornou-se amigo da deusa Diana, que lhe deu um presente especial: que sua filha seria amada pelo mago mais poderoso do mundo. O Duque presenteou Dionás com a floresta de Briosque, onde Viviane nasceu.

Segundo o ''Lancelote em Prosa'', Merlin ensinou à Dama seus segredos em troca da promessa que esta lhe fez de que, em troca, ela lhe entregaria seu amor. Apesar disso, Niniane aproveitou o conhecimento desses segredos para aprisionar Merlin. O mago já havia visto seu próprio destino, mas não foi capaz de evitá-lo.
 
Em ''A Morte de Artur'', de Sir Thomas Mallory, a Dama do Lago chega à corte de Artur para presenteá-lo com a espada Excalibur e exigir a cabeça de Sir Balin, antigo inimigo de sua família. Sir Balin descobre a identidade da Dama e a decapita, desonrando a corte de Artur. No final da obra, Sir Bedevere, outro cavaleiro da Távola Redonda, lança Excalibur à água e uma mão surge da superfície para recebê-la. A mão aparentemente pertence à Dama do Lago, o que faz supor que esta seja uma personage diferente daquela decapitada por Sir Balin.

Em algumas versões, a Dama deu a Artur a escolha entre uma taça, uma lança, um prato e uma espada, como símbolo da união de Camelot com Avalon. Depois que Artur escolheu Excalibur, foi criada para a espada uma bainha com o poder de impedir seu portador de derramar uma só gota de sangue.