Martírio da Estação e a Saudade do Jardim

Hoje está frio, não quero sair.
Não quero procurar um lugar pra me encaixar!
Não sinto mais vontade de enfrentar tudo [está frio]
O comodismo me tira de tudo e é tão bom.
Me faltam vestes e pisantes necessários para fazer-me aturar tal condição.
 
Será que o que me disseram é verdade?
Disseram que o inverno passa.
Será?
 
A dúvida é a minha única companheira.
A neblina soma-se com minha escuridão, imperfeição conjugada.
Não ascendo às luzes de casa, não existe alegria,
Você partiu faz tempo.
 
A casa continua da mesma forma como no último dia.
Teus sinais não são mais integrais e raros.  
Nem possuo esperanças ou motivos,
Que um dia me fizeram viver.
 
Não existe mais encontro para reencontro,
Momento marcado para voltar ao instante da pausa.
Acho que tudo não passou de um pequeno espaço devaneio.
 
Mas a pergunta do princípio é respondida com sopros externos suaves,
Que apontam que a próxima entrada da estação nos separa da mais fria e escura.
E percebo que tudo não passou de um martírio da estação.
A espera que os campos voltem a florir com lindos cíclames bulbosos,
De modo a restituir ao jardim a alegria típica da primavera que voltou.
E a saudade do jardim retorna com emoção e nostalgia depois da aflição.