Andarilho.

Por ruas te vi caminhar.
Em calçadas te vi deitar.
Do lixo foste se alimentar.
Perdeste tudo sem poder recuperar.

Pede esmolas para viver.
Ou melhor, sobreviver.
Ates isso fosse uma miragem.
Mas é a dura realidade.

Passa frio e morrem congelados com hipotermia.
Andarilhos sem casa só dor e agonia.
No passado foste amigo de alguém.
Que hoje nem sabe quem tu és.
Andarilho perdido no caminho sem fé.

Jamais conheceu o amor de seus pais.
Nem sabe se tem irmãos, só pede um pouco de paz.
Carrega consigo um cobertor fedido.
Com o odor do suor que escorre pelos poros.
Perdeu até a voz de tanto pedir socorro.

Já dormiu em albergues.
Já se deitou em calçadas.
Tomou banho nas praças.
Na vida nunca achou graça.
Assim persegue seu caminho.
Passou por jardins, mas só pisou em espinhos.
Hoje percebe que melhor mal acompanhado que sozinho.
Assim teria alguém para conversar e ouvir seus lamentos.

Hoje vejo no olhar de um andarilho perdido.
Que sempre procurou a paz no infinito.
Sentado na calçada pensando.
Que esse mundo é sem destino.
Pois cada habitante é um andarilho.

ELVIS POETA DE RUA
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