Amo-te

O teu amor não é 
o fogo crepitante 
e ardente da paixão,
mas a brisa refrescante 
que visita o crepúsculo 
nos finais de tarde.
Não tem a fascinação poderosa 
dos raios solares do intenso verão,
mas tem o convite aos sonhos 
das delicadas estrelas do céu de outono.
Não se expressa 
pelas palavras de sedução
proferidas pelos lábios,
mas é confissão silenciosa 
dos seus profundos e penetrantes olhos.
Vai além da figura da beleza clássica, 
pois esta emana também de tua alma.
És bela antes mesmo de ser bonita, 
és formosa na tua lapidada singeleza.
Tua força está em tua delicadeza, 
mestra a me ensinar 
as trilhas dos sentimentos.
És o alento que serena 
a impulsividade guerreira 
de meu coração, 
és promessa de paz.
Teu encanto está além 
da beleza agressiva da rosa, 
pois tem a graça das flores tímidas.
Teu pudor não expressa vergonha, 
mas a pureza das intenções 
da franqueza de teu coração.
É por isso que não me arrebatas 
pelo belo desenho de teu rosto,
mas pela expressão de tua face.
Se te defendes na falsa indiferença 
é porque sabes que não me possuis, 
mas de fato me tens.

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