Soneto de Uma Vida

 
 
 
Em minhas manhãs cambaleantes me convida
A uma voz que surge, como raios de sol em dias nublados
Pois tão doces e revigorantes quanto o sabor de teus lábios molhados
Que me alegro tão breve como minha vida.
 
Eis que ela surge em voga perante meus olhos e de joelho
Firmo a mais bela das belas flores flamejantes
Pois rogo dentre cabalísticos jardins, minhas amnésias constantes
Tão atroz como tocá-la levemente e em devaneios pego-me ao espelho.
 
Mas não rogo em vão porque não necessita
Apenas tua voz e presença fazem dessas preces me rosário
É a razão de tudo parecer belo e o simples ressuscita.
 
Fazendo-me reviver algo jamais vívido
E na simplicidade contida nesses momentos,
A impressão que há tempos já conhecido.