Em teu corpo um complexo de taninos
Lambe-me a garganta de terra dura.
Indago, sem querer, se tal usura
Ainda é capaz de remorar-me os sinos.
 
Navegam em teu nome sons meninos,
Almos nectáres de manga madura.
Moro em teu ser como praga que endura
O próprio ser em ciclos repentinos.
 
Navio de peroba que, engarrafado,
Tende a se projetar ao mar, em turnos,
E vela pelo eterno: nulo instante:
 
Isso tu és, e túnel projetado,
Razão que habita meus surtos noturnos:

O espectro sorrateiro, o mar cantante.

Oliver Quinto
© Todos os direitos reservados