Olho no espelho dos meus olhos
E não encontro o meu sorriso
Vejo só uma tempestade que arrebata
As minhas poucas certezas...
 
Olho em volta de mim...
E vejo-me atrás de uma parede de vidro
Cruel... por que vejo a vida lá fora
E pergunto-me por que não consigo está lá?
 
Olho pra dentro de mim e sinto frio
“Porque atormentas a mim, oh minha alma?”
Eu sou meu próprio inimigo?
 
Disseram-me que sou especial...
E o que é ser especial?
Isso não tira essa vontade tamanha
De afundar em mim mesma
 
Já ouvi juras de amor...
E foram reais..
Mas descobri que não são eternas...
Que quase pouca coisa é eterna
E o amor não foi maduro ou suficiente de perdão
Renegaram-se chances...
Optaram-se por outros caminhos...
 
Já ouvi juras de amor...
Frágeis e provavelmente equivocadas...
Renegaram-se chances
Preferindo a perda... inertemente
 
Já ouvi o silêncio de um sentimento
O medo e a impossibilidade estampado nos olhos
De qualquer afirmação...
E tal silêncio contrapondo-se a alguns gestos e atitudes..
 
E qual o motivo de tanta inércia?
Um sentimento maior... de não fazer-me sofrer.
Eu odeio essa bondade!!
Pois eu quero sofrer!!! Mas sofrer diferente!!
Quero a chance de ouvir e sentir
O que sussurra a mente de um apaixonado
Pra que eu possa sair do lodo da minha alma
 
Disseram-me que amo com alma de poeta
Talvez isso justifique a espera, a entrega e a tormenta...
No entanto, se sou poeta... sou falho nisso
Por que não desejo a eternidade de nada
Quem sou eu... pra eternizar algo?
Só desejo a intensidade transparente do agora
O compromisso com o instante.
 
Às vezes, penso que não valorizo o muito que tenho
E só valorizo o pouco que não tenho...
Realmente se assim eu for, estou perdida e sou ingrata.
Mas, quanto vale esse pouco pra mim?
Como reverter essa balança descompenssada?
Como equacionar as minhas fontes de felicidade?
Como desaprender a amar como eu amo?
 
Sinto vários EUs dentro de mim
E quando se encontram
Às vezes, resulta nisso que sou agora... nesse momento
Deixo-me levar pelas questões de minha vida
Pelas revoltas das poucas respostas que tenho..
E sigo... sem saber se tenho que domar a mente ou meu coração...
E ai, outra incógnita se arremete.
Eu quero o sorriso de volta no meu olhar...
Será que você ainda o vê?
 
Eu sei que as substancias que me inebriam
Das quais eu tanto fugi
Não me abraçam no frio da noite
E nem me aconchegam quando a solidão me invade...
E a única porta que deixei aberta...
Essa tormenta sabe o caminho.
 
 

 

És uma alma que tormenta? Ou que vive atormentada?
Bel Gama
© Todos os direitos reservados