Como crescer na dor

Era muito jovem no dia em que nasci
Mas, também, poderia, como ser crescido
Sem antes ter aguma experiência

Mais do que ser jovem, era infantil
Brincando com pessoas desconhecidas
Sem razão, emoção ou consistencia

Me lembro de olhar para aquele homem grande
Ou para uma mulher que sempre chorava ao me ver chorando
Eu, como um monje infâme
Não abandonando a ira, mas me apegando ao engano

Lembro-me de crescer
Sei que cresci entre eles
Lembro-me de chorar
Por muitas e muitas vezes

Lembro-me do dia em que apareceu outro de mim
Era pequeno, ou diria, pequena
Passara a ser o centro de tudo

Dos erros passados, alguns foram repetidos
Dos pecados antigos, alguns foram corrigidos
E aquele ser passa a crescer também ao meu lado

Não saberia explicar o que passei a a sentir por ela
Companhia, amizade, sentimentalismo, saudade
Aprendi, ensinei, me perdi, encontrei
Perdi de novo, por várias e incontáveis ocasiões

Lembro-me de chorar
Mas sempre considerei nossa vida diferente da dos outros
Embora muitos tentassem me contradizer

Todos choram, todos tem espinhos
Todos sentem o que sentem com a mesma intensidade
Todos amam, se alegram, se decepcionam ou se desesperam
Mas, não como eu

Com o tempo, deixei de ser infantil e passei a ser conselheiro
Não acredito ter sido o único ou o primeiro
Mas creio ter sido o mais sagaz

Ao ver o tempo fechar para nós
Abri cobertores com meus braços
Sangrei meus pulsos só pra não perder o costume
E pulei em cima dos trilhos

Não consegui morrer, mas salvei vidas dentro de mim
Às de fora, talvez tenha causado muita preocupação
Mas passei a me sentir livre novamente

Nada dura para sempre

Aprisionei-me, deveras, com o objetivo de acalmar a tempestade
Saí de casa, abandonei a cidade,
Mudei o rumo, tornei-me nômade

Nômade dentro de mim mesmo
Desconhecido íntimo
Em um mundo estranhamente confortável

Masturbei minhas entranhas com a ausência de razão
Se é que um dia a tive
Estuprei meu orgulho e encontrei o amor

Amor de mulher, sem pudor
Amor de menina, inocente
Amor de amante, Indecente

Lembro-me de não ser mais como era antes
Nós quatro rindo das controvérsias da vida
Nos divertindo com o sofrimento dos personagens mais hilários da história da humanidade, nós mesmos

Agora éramos três

Em outro sistema, havia mais de nós que simplesmente não poderiam concordar ou entender tudo o que realmente estava acontecendo
Em outro sistema, existia um mundo escuro e solitário
Onde a única chama que ainda queima é a da dor

Lembro-me das brigas
Era possível haver guerra, mesmo que não houvessem soldados
Sem armas ou canhões
Sem alvo, ou estratégia

Era só atacar, sem mira
Mas sempre com muito sangue
Atingi o segundo Nirvana, odiei o estúpido
Mais uma vez encontrei o desprezo no amar

Mas, em toda essa tragetória tenho apenas uma certeza
Apenas uma coisa que fiz certo,
Algo que ninguém pode ou vai tirar de mim:

Sempre Tentei e continuarei sempre tentando encontrar felicidade!

 

 

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