Abrir as portas da frente,
E deixar entrar os ventos da estação.
Divisar os horizontes,
Buscá-los nas linhas de uma mão.

Captar o secreto sentido das coisas,
Compartilhar vida e solidão.
Olhar as coisas de um novo ângulo
Recuperar a perdida paixão.

Ter o futuro como tido,
Numa luminosa visão.
Amar a face dura do povo,
E trair sua divina missão.
Achar alguma força nos fracos,
E, neles, a salvação.

Sonhar com dias melhores,
Viver uma doce ilusão.
Reencontrar os anos perdidos
E o consolo da religião.

Buscar naquela mulher o gosto da vida
E o sabor da perdição.
Tomar, enfim, a decisão,
Abrir as portas da frente
E sentar esperando o verão.

Uriel da Mata
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