Tudo que é violento reluz

Eu ouvi falar de uma beleza insossa
Com a alegria colada na parede
E gritos permanentes em estado de prontidão
Ritos de passagem sujos pelos cantos
Nas folhas de um outono em dominó

Eu ouvi falar de promessas
Pintadas de vermelho e preto, como sempre
Com gosto de gelo, sem retorno, apenas promessas
Como nos dias em que tomo meu calmante
E em meu leito de espinhos adormeço em paz.

Na doença que me conserva
Palavras rufam como tambores militares
Em demasiada ritmia...
Eu não preciso desse sol monocromático.
Rastejar é mais cômodo que cair e levantar?

Dos teus passáros que voavam sem direção
Eu ouvi tudo isso, dia após dia
Voos errantes com seu eterno propósito
Sem ideais, batendo suas asas quebradas.

Tudo que é violento reluz:
Tudo é frio e violento... encanta e brilha.
E assim encerra-se.

markquerido
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