Amanheceu,
O silêncio ferido de morte
agonizou
Os sons do cotidiano
em brado forte
irrompem das ruas
A quietude expirou
pássaros entoam seu canto matinal
portas batem, janelas se abrem
O sol se deita sorrateiramente
sobre as casas e asfaltos
Ouve-se suspiros profundos e altos
O vento tremula entre as folhas das árvores
varre das ruas as sobras da noite
agita a cabeleira crespa dos mares
Passos agitados, gente correndo
Máquinas em funcionamento
Risos, prantos, lamento
a noite se desfazendo
Amanheceu,
o dia exala o seu cinzento odor
uma formiga apressada carrega uma folha
inaugura seu rotineiro e áspero labor
* Úrsula Avner *
* RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS- POESIA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL
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