" Caminhos de hortelãs"

" Caminhos de hortelãs"

 

Decidi dar tempo ao tempo;
deixar as horas passarem
e atenuarem os danos
causados pelos desenganos.
Baixarem toda a poeira
que o vento fazendo zoeira,
estagnou pelo ar,
circundando-me as beiras,
poluindo meu respirar.

Lembranças de tempos ruins;
nada que justifique seus fins.
Tempos ociosos, sem recomeços,
voltados para os avessos.

Ignorei dias, meses e anos...
Impedi que o passado sugasse meus planos
e ele foi se afastando,
trazendo de volta meus sonhos.

Esperei pelos amanheceres
e pelo casticismo dos bem-quereres,
refugiada nos anoiteceres...
Fui vulto andejo nos recônditos;
sombra que assombra e não mete medo,
a perambular, isenta de arremessos,
onde a luz só ilumina quem crê
e crer no novo é minha obstinação;
viver de novo, minha vontade insólita,
sair das trevas e ver raios das manhãs,
sem que me cegue a claridade
ao me defrontar com a veracidade
do amor- integridade.

Semente que frutificou
Pelos caminhos imaturos e verdes...
Por onde transitam beleza louçãs
e as pontas de meus pés saltitam
nos entremeios das folhas de hortelãs.

 

 

          Carmen Lúcia