“Ser criança”

“Ser criança”

“Ser criança”
 
Sonhos revividos, palavras alinhadas.
Lembranças que são memórias sem papel
Impalpável matéria no peito, cravada.
Desenrolam-se etéreas, num imenso cordel.
Era na linha do trem a maior aventura
Coletando pedrinhas, brincava nos trilhos.
Um clima de festa que vem e perdura.
Traz de volta momentos, em estribilhos.
Família, varanda, cadeira de balanço.
A desenhar nas nuvens passava a vida
Improváveis figuras que já não alcanço
Desfaz - se como a palavra proferida
Muito mais que fotogramas amarelados
São as doces lembranças que trago comigo
Saudosos momentos por mim guardados
Servem-me hoje de força, alento e abrigo.
A infância volta com força à memória
Como carneirinhos que traziam o sono
Revivendo os detalhes dessa historia
Banindo toda a sensação de abandono.
Sentimento esse que nos toma de assalto
Ao ver no mundo a maldade distribuída
Por conta da falta de amor, um preço alto.
E inocentes pagam com a própria vida 
São cenas que interferem no nosso desejo
De criar poesias que a dor ameniza
Já que nos impele a aproveitar o ensejo
E em alta voz clamar por justiça
Quanto mais teremos que esperar?
E quantas “Isabellas” ainda vão morrer?
Para que possamos nos conscientizar
Que só o amor tem que prevalecer
E retendo memórias que vem aludir
Com a força resoluta que no peito vai
Queria ser menina se pudesse pedir.
E estar segura na forte mão do meu pai.

Glória Salles

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