Em tempos que já lá vão
Ia-se provar o vinho novo no dia de São Martinho
Levávamos o copo na mão
Para se provar o novo vinho
O tempo foi-se passando
E ficou a tradição
Agora vive-se sonhando
De copo vazio na mão
Já não temos esses lazeres
Já nada é como outrora
Não há dinheiro para comer!
Quanto mais vinho por hora...
Já não ganho para a sopinha
Quanto mais pró vinho novo
Falta hoge há barriguinha
Tantas castanhas ao povo!
Elas são caras meu Deus
Tudo é negócio porém
Desde que existe o euro
Não ganho eu, nem ninguém.
Esta vida está demais
já não pode haver festejos
Foram-se de vez os reais
Come-se açorda de poejos.
E mesmo deste jeito, díficil está
Para dar-mos poejos arrenjados
O tempo não muda , trás
Está o campo todo cercado.
O tempo é de reflectir
E tem que ser muito bem vertebrado
Não há algo que me faça rir
Pois está tudo por aqui classificado
Viva então esse dia
Que aqui está a ser recordado
Posso não ter alegria!
Mas quero-o sempre a meu lado.
Nem que seja só p´ró lembrar
E não haja nada para beber...
Festejo com água para ressacar,
Do tempo passado que vivi, no ter!...
7 de Novembro 2007
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