Venenos por cima da mesa
Contemplam meu rosto e minha boca seca
Músicas e suspiros
Risadas e pensamento
Fumaça e torpor
Contemplam-me, vazios, olhos
De alguém que não conheço
Nem sei o nome
Confusão e esquecimento
Tontura e discórdia
Vou eu saber
O que se passa em minha cabeça nessas tantas noites
Noites de vento e tempestade
Frio e calor
Sobre calçadas frias meus pés traçam caminhos
E sobre mesas quentes meu corpo se distrai
Perdido nos rostos de pessoas
Desconhecidos que conhecemos
Sem ao menos ter-nos apresentado
Rostos, apenas rostos
Disfarçados atrás de sorrisos falsos
E de alegrias falsas que escorrem junto à maquiagem
Espelhos, bancos, balcões
Bares, luzes, bocas
Loucas
Noites cheias de desejo
Corpos, garrafas
Vícios espalhados pelo chão
Nas nossas mãos chaves para todas as salas
Infinitos corredores cheios de portas e destinos
Labirintos de incertezas
Noites vazias de sentido
Nos ouvidos ecoam palavras caladas
Frases das paredes escritas com suor e delírio
Escadas que sobem e descem
Para pessoas que sobem e descem
Sem mesmo sair de seu lugar
Cabeças vazias de perguntas
Espaços de ilusões e poder
Olhos e dentes brilham sob as luzes néon
Almas apagadas
Brancas pela luz negra
Estão nossas unhas e garras
E maldades
Ocultas pelas luzes e pelos olhos
Todos cegos pela escuridão
Em sua vil segurança
Inseguros dançam belos pelos salões
E mostram seus sorrisos de dores
Suas crenças em amores inexistentes
Ilusões que completam e preenchem
Os vazios de suas noites
Agitadas de vazio.

Carolina Teixeira Weber
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