No silêncio da noite te encontro,
o escuro te esconde, eu não vejo...
sinto mêdo, te procuro , estou tonto,
me arrepio, deixo a pele em relêvo...

Passo a passo caminho sem direção,
respirando, ofegante e sedento...
bate forte, bem forte o coração,
rumo as horas da aurora, lamento...

Onde estás, óh! vazio cruel?
que cercas de horror e solidão...
seu banquete é um cálice de fél,
de amargura, um manjar sem canção...

Me roubaste a alegria o prazer,
prisioneiro, hoje sou nesta terra...
sou seu dia, sua noite, seu lazer,
sua manhã, quem madruga, enxerga...

Vou galgando a esperança do tempo,
vendo as ondas dos ventos que assobia...
me apresso, quero ser menos lento,
desfazer este prato de agonia...

Como vencer este grande gigante?
que me açoita com seu chicote abstrato...
sei que a sorte está lá bem distante,
o sofrer do caminho eu acato...

Más tudo na vida tem solução,
pois a fé é um instrumento fatal...
vou lutar, vou sair deste chão,
vou gritar, hoje sou maioral...

GIZELDO BAPTISTA DE ALMEIDA
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