Laranjeira

Teu aroma, de teus frutos, laranjeira,
Confunde-se com tua beleza em flor.
E, sob teus galhos enxameados de folhas verdes,
Meditei sobre o significado do mundo e do amor,
Em minhas ações pensava.
Cultivando o Sol, o pasto verde, o ar de uma tarde indolente,
De uma primavera plena de luz.
Buscava teu fruto, flor de laranjeira, buscava teus atos potenciais,
Imaginava-te, entre espinheiros e urtigas, impávida,
A ostentar teus frutos, esperando mais um entardecer.
Que bela essa estação, laranjeira, em que tuas flores renascem,
Prevendo frutos e cores sem fim.
Perdi longas tardes, laranjeira, reparando nas urtigas e no pasto verde,
Percebendo o quanto de minha paisagem não se resumia a ti.
Pode uma paisagem ser uma quimera?
De todos os olhares, sou aquele que encontrou o teu olhar.
 
 
 
 
 

Um relato de infância, com a contribuição de S. , para todo o sempre.

Bagé, 23 de agosto de 2007

Claudio Antunes Boucinha
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