Escravo e Senhora II

Escravo e Senhora II

Pegou o chicote e as cordas,
pos-me em meu lugar
No meio de suas pernas,
como escravo me fez ficar

Minhas mãos buscaram os seios,
que você negando esquivou
Em silêncio com as cordas veio,
sem nada dizer corpo e alma amarrou

Segurou meu pescoço,
esbofeteou minha cara
Disse que eu fora mal moço
e que os pecados, o chicote, repara

Não vedou minha boca,
que segurou os gritos
Enquanto você berrava rouca
que queria ouvir meus gemidos

Firme permaneci,
pois ainda era cedo
O castigo mereci,
da dor não tinha medo

Pois tenho a certeza,
de que o Sol nasce para todos
e se ontem fui escravo,
esta noite serei senhor

Paulo Gomes
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