E depois da boca
um dia todo se abriu,
existiu em toda cor.
Alaranjado esplendor
rajou o azul-crescente
na paz inocente da manhã.
Vejo-te a floresta dos olhos
e as serras bordadas em verde.
Vejo-te o passaredo, a matilha
e a verde trilha a vicejar.
De tudo quero mais
e tão capaz serei
de tudo outra vez.

E depois da boca,
da pouca chance de escape,
o embate, a vitória.
Uma história reescrita
na glória dos sentidos.
Tal maresia silente
a tão quente temperatura,
fez-nos suster a brasa,
extremá-la ao incêndio.
Cobiço-te assim, pura chama.
De tudo quero mais
e tão capaz serei
de tudo outra vez.

E depois da boca,
vou contigo a recantos,
nos entretantos de mim.
Reflito o céu, imito a cor,
remonto o vapor das nuvens.
Por que sou rio
de correnteza mansa,
sopro de vento, arrepio.
Por que sou rio
sorrindo ao mar,
nova chance de amar.
De tudo quero mais.
De tudo outra vez.

Felix Ventura
© Todos os direitos reservados