A Casa da Nostalgia

Não seria difícil esquecer
Se fossem os acontecimentos
Simples desconhecidos que o vento
Fizesse cruzar conosco a seu bel-prazer.

Não. Eles são os vizinhos
Queridos ou indesejados
A bater na porta apressados,
Ansiosos de provar nosso vinho.

Temos de servir a bebida
A todas as nossas visitas,
Para que por aí não se repita
Que elas foram mal recebidas.

Se pararmos para pensar
E refletirmos bem,
É agradável todo aquele que vem -
Senão no vir, ao menos no voltar.

Nossa casa é grande e bonita,
Quentinha, lá no fundo do vale;
Ainda que o trovão estale,
Como não atrair visitas?

Todos irão, um dia,
Bater à porta, apressados,
Ansiosos por serem entrados
Na Casa da Nostalgia.

E a porta aberta será;
Rangendo ou não,
Dependendo da condição
Em que a dobradiça estará.

Mesmo indo embora,
Aqueles que passarem por ali
Não vão de todo partir,
Não sem uma certa demora...

Pois a Casa é atapetada;
Guarda marca dos passos dados
Por cada pé lá entrado
Em passadas apressadas.

Publico de novo este poema,
Só para não dizer que não falei daquilo que vi
Quando pela casa do tempo passei
Antes de dela partir.
Yarqon
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